A crise hídrica e o consequente aumento nos preços da energia deve ter impactos na Eletrobras nos próximos meses, segundo o presidente da estatal, Rodrigo Limp. O Brasil enfrenta o período seco com o menor volume de chuvas dos últimos 91 anos, o que tem afetado a geração hidrelétrica. Em conferência com executivos no dia 12 de agosto, Limp afirmou que o risco hidrológico (GSF) da companhia deve se refletir nos próximos meses, bem como nos preços de energia de curto prazo. O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) cresceu em junho e julho e deve se manter em alta pelo menos até o fim do período seco, em novembro (Canal Energia).
Contudo, segundo Rodrigo Limp, a crise hídrica não deve reduzir atratividade de investidores. Na avaliação do presidente da companhia, apesar de impactos no preço da energia no curto prazo, essa é uma situação conjuntural e que tem pouco peso quando da tomada de decisão por potenciais interessados porque os contratos são de longo prazo. Em sua análise, a capitalização continua em seu processo normal com os estudos do BNDES devendo ser finalizados até o fechamento do mês de setembro (Canal Energia).
A avaliação do presidente da Eletrobras, quanto ao tratamento da crise hídrica como problema de curto prazo tem certo sentido. Isto considerando a característica cíclica do balanço hídrico nas bacias hidrográficas afetadas pela crise. É possível conferir em dados disponibilizados pela Hidroweb (ANA) e estudos recentes realizados na bacia do Rio Iguaçu, por exemplo, eventos de cheia (1983, 1990, 2010, 2014) precedidos por eventos de forte recessão (1981, 1985, 2006, 2012).
Contudo, é necessário um olhar atento. “O Brasil enfrenta o período seco com o menor volume de chuvas dos últimos 91 anos”. Destaca-se que 91 anos é o período disponível de dados destas bacias, pois os primeiros pluviômetros começaram a ser instalados no Brasil em 1931. A recessão hídrica sem precedentes na história brasileira acende um alerta. Ainda, recente relatório publicado pelo IPCC mostra com preocupação os possíveis impactos a longo prazo na disponibilidade de recursos naturais causados pela mudança climática prevista no mesmo relatório. O mercado certamente está atento e, de fato, o cenário atual tem propiciado um ambiente de maior atratividade, mas os projetos podem ficar mais caros se fecharmos os olhos para essa questão.